No 30.º CNMI, Joana Pimenta apresentou a sessão intitulada “Insuficiência Cardíaca: a realidade portuguesa”, onde abordou os desafios e características da Insuficiência Cardíaca (IC) em território nacional. A palestra teve como objetivo principal caracterizar a população portuguesa de doentes com IC e discutir a organização dos serviços de Medicina Interna para enfrentar esta condição complexa.
“Pela primeira vez desde há mais de 20 anos, temos dados robustos sobre o impacto da IC em Portugal, graças ao estudo PORTHOS”, destacou. O estudo revelou que a IC é um importante problema de saúde pública, afetando cerca de 700 mil portugueses com mais de 50 anos, sendo a maioria dos casos de IC com fração de ejeção preservada. Além disso, surpreendentemente, 90% dos doentes com IC desconhecem que têm essa condição, enfatizando a importância do diagnóstico precoce.
A apresentação também incluiu resultados de um inquérito sobre a organização de cuidados, gestão e tratamento de doentes com IC nos serviços de Medicina Interna. Isso permitiu uma compreensão mais aprofundada do papel dos serviços de Medicina Interna na gestão da IC, destacando a interligação com outras especialidades como Cardiologia e Medicina Geral e Familiar.
Para a especialista, o Congresso Nacional de Medicina Interna é um fórum crucial para a atualização e discussão científica, especialmente numa especialidade tão diversificada como a Medicina Interna. “É um excelente contributo para estarmos a par da inovação e do estado da arte nas diversas áreas clínicas, além de abordar temas atuais relativos à política e gestão em saúde”, enfatizou.
As expectativas em relação ao evento foram bastante positivas. “Pela qualidade do programa e empenho da Comissão Organizadora e de toda a SPMI, acredito que este 30.º CNMI seja um excelente momento de formação, atualização e convívio para todos os colegas que nele participarem”, concluiu.
De seguida, João Pedro Ferreira abordou o tema “Tratamento da IC FEP: mecanismo de ação e alvos terapêuticos”. Ao descrever os objetivos da sessão, destacou: “essencialmente, pretendemos fazer uma breve introdução sobre a insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada, alertar sobre alguns dos mecanismos fisiopatológicos que contribuem para a progressão da doença e, em seguida, traduzir esses mecanismos em opções terapêuticas”.
O médico ressaltou a natureza sistémica da IC FEP: “É crucial caracterizar a IC FEP como uma doença sistémica, onde a disfunção de vários órgãos contribui para sua progressão. Como tal, o internista desempenha um papel fundamental na gestão dessa condição complexa.”
“Este congresso é essencial para promover discussões entre colegas de diferentes hospitais e iniciar ou promover novos projetos de pesquisa e espero que a discussão seja produtiva e que surjam novas ideias e projetos. No entanto, é crucial reconhecer a falta de investimento em investigação clínica como um problema que afeta o país como um todo”, concluiu.
(24/05/2024)