No âmbito da mesa-redonda “A Transversalidade das Doenças Respiratórias”, realizada durante o 31.º Congresso Nacional de Medicina Interna, Inês Furtado apresentou a sessão “envolvimento pulmonar nas doenças do tecido conjuntivo, do diagnóstico ao tratamento”. A médica centrou a sua intervenção nas manifestações respiratórias destas doenças, sublinhando a importância da vigilância clínica e da abordagem multidisciplinar.
“A minha sessão foi focada no envolvimento pulmonar nas doenças do tecido conjuntivo, abordando as manifestações respiratórias mais comuns, os mecanismos fisiopatológicos subjacentes, a importância do diagnóstico precoce e as estratégias de abordagem clínica e terapêutica”, explicou. A especialista destacou ainda a análise de casos clínicos ilustrativos e o papel da interdisciplinaridade, especialmente relevante nas doenças autoimunes, frequentemente caracterizadas por envolvimento multiorgânico e sistémico.
Inês Furtado reforçou que o envolvimento pulmonar é uma das principais causas de morbilidade e mortalidade nestas doenças e alertou para o facto de, muitas vezes, passar despercebido nas fases iniciais. “Pretendemos alertar para a necessidade de uma vigilância ativa, promover o diagnóstico precoce e otimizar a abordagem multidisciplinar.” Acrescentou ainda que se trata de “uma área em constante evolução, com novas opções terapêuticas que merecem ser discutidas e conhecidas.”
Sobre o congresso, a médica manifestou um grande entusiasmo. “Este congresso é uma oportunidade privilegiada para partilha de conhecimento, atualização científica e debate clínico entre colegas de várias áreas de especialização.” Para Inês Furtado, o evento representa também um momento de valorização da especialidade: “Para mim é um espaço de aprendizagem, de troca de experiências e de reforço da identidade da Medicina Interna como especialidade central e integradora no sistema de saúde”.
Nesta mesa-redonda, Vilma Laís Grilo apresentou uma sessão dedicada ao papel das técnicas invasivas na abordagem do tromboembolismo pulmonar agudo, salientando a importância da atuação precoce e diferenciada por parte dos internistas.
Na sua intervenção, a especialista destacou os avanços terapêuticos no tratamento do tromboembolismo venoso, com enfoque nas modernas técnicas endovasculares de reperfusão, como a fibrinólise dirigida e a remoção mecânica do trombo. “Embora sejam executadas por equipas de Cardiologia, estas intervenções começam com a identificação clínica do doente, que na maioria das vezes é feita pelo Internista”, explicou.
Vilma Grilo sublinhou que o tromboembolismo pulmonar é atualmente o terceiro síndrome cardiovascular mais frequente, e a sua incidência tem vindo a aumentar. “É crucial reconhecer o subgrupo de doentes com risco de evolução para choque obstrutivo. Para esses casos, dispomos agora de novas estratégias terapêuticas que podem alterar significativamente o prognóstico, se aplicadas atempadamente”, reforçou.
A médica alertou ainda para o facto de estas técnicas estarem disponíveis apenas em centros especializados, tornando essencial a existência de redes de referenciação bem estruturadas. “É fundamental que o internista esteja informado sobre estas possibilidades, para que possa agir rapidamente e encaminhar os doentes certos para o local certo”, afirmou.
Sobre o 31.º Congresso Nacional de Medicina Interna, destacou o seu papel como plataforma de partilha científica e atualização transversal. “É um congresso de excelência, com um programa diversificado e sempre ajustado às necessidades da prática clínica atual. A expectativa é, como sempre, a de muita aprendizagem e troca de experiências relevantes para todos os internistas”, concluiu.
A encerrar a sessão, Magda Fernandes trouxe à discussão a questão da doença respiratória no doente VIH, tão prevalente no presente como no passado, refletindo sobre a persistência e evolução das complicações respiratórias nesta população, e a importância de uma vigilância clínica contínua e adaptada às novas realidades terapêuticas.
(23/05/2025)