A “Hospitalização Domiciliária em Portugal” foi o tema de eleição de uma das mesas redondas que constituem o painel do 28.º Congresso da SPMI. O começo da Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD), o contexto português e as mais valias clínicas, sociais e económicas desta modalidade de assistência que assegura a prestação de cuidados de saúde foram alguns dos temas em destaque.
“A hospitalização domiciliária é uma valência da Medicina Interna”, começou por referir Vitória Cunha. De seguida, apresentou a definição de Unidade de Hospitalização Domiciliária.
“É um modelo de atendimento que presta assistência de nível hospitalar a um doente em sua própria casa, e substitui inteiramente o internamento hospitalar”, explicando que assenta em cinco princípios: igualdade, rigor, equivalência, humanização e voluntariedade.
A palestrante enumerou, ainda, quais os objetivos na criação da UHD: humanizar os cuidados, oferecendo tratamento diferenciado de nível hospitalar no conforto do domicílio; reduzir a taxa de complicações relacionadas com o internamento hospitalar; aproximar o hospital da comunidade, desenvolvendo uma Medicina de ambulatório e uma atividade de educação para a saúde; promover a recuperação funcional e autonomia do doente; e estimular a participação ativa da família na prestação de cuidados, prevenindo a rejeição e o abandono.
Por fim, apresentou uma linha cronológica, onde expôs o início da UHD em Portugal, nomeadamente os dados de atividade, bem como todas as fases pelas quais tem passado.
“O número de doentes tratados em HD em Portugal tem sido crescente”, finalizou.
Por seu lado, Fernando Aldomiro optou por apresentar o panorama atual no que ao Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca diz respeito. Não sem antes dizer que a “Medicina Interna é a especialidade basilar da Hospitalização Domiciliária”.
Explicou que são necessários recursos humanos, desde enfermeiros, médicos, assistente social, assistente operacional e administrativos.
Além disso, também são precisos recursos materiais, políticas e procedimentos. São documentos essenciais porque evidenciam de forma clara as regras, os valores, os critérios e a cultura da instituição e definem as linhas estratégicas orientadoras para atingir os objetivos determinados pela equipa. Relativamente aos procedimentos, estes definem os planos de ação para a execução das políticas; permitem uniformizar as atividades diárias; orientam a tomada de decisão e a otimização de processos internos; e a sua aplicação garante o cumprimento das orientações e regras, definidas em equipa.
Em conclusão, Fernando Aldomiro disse que a capacidade de internamento daquela instituição tem aumentado; tem existido a manutenção da qualidade assistencial com redução dos riscos de complicações associadas ao internamento; a satisfação dos utentes e familiares tem aumentado; e a equipa é motivada e com elevado grau de satisfação.
Por sua vez, Olga Gonçalves apresentou as mais valias sociais, clínicas e económicas da UHD.
“Estou absolutamente convencida de que a essência da hospitalização domiciliária só a conhece quem vai para a rua com os doentes, quem os acompanha no domicílio”, começou por dizer.
De seguida, simplificou que a qualidade do hospital no conforto de casa deve transmitir uma maior segurança e mais qualidade de vida.
“Compaixão e serenidade, criatividade e paciência. É preciso tempo para ouvir e ser ouvido. E isto é possível no domicílio”, afirmou a oradora. Aproveitou, ainda, para mencionar que a integração da família, a valorização do cuidador, o acesso a apoios sociais e adaptação à nova condição são mais valias da UHD.
No que diz respeito às mais valias económicas, Olga Gonçalves enumerou: menor taxa de reinternamento; menor estadia no hospital; menos complicações; menos gastos; e, em épocas de sobre demanda do hospital, libertação de camas.
No final, apresentou algumas das opiniões dos doentes que foram sujeitos a UHD, demonstrando ser uma atividade que representa uma mais-valia, uma vez que 97 % dos inquiridos consideram ser vantajosa.
(03/10/2022)