Na mesa-redonda “Doença vascular cerebral – Hot questions!” do 28.º Congresso da SPMI todas as perguntas sobre a Doença Vascular Cerebral eram bem-vindas. Diana Aguiar de Sousa, Teresa Fonseca e Marisa Mariano foram as profissionais que deram voz a esta patologia, considerada a principal causa de morbilidade e mortalidade em Portugal.
“A doença vascular cerebral, nas suas várias formas de apresentação, desde a abordagem na sua fase hiperaguda até à sua prevenção secundária otimizada, é uma das patologias em que mais evolução terapêutica tem havido nos últimos anos. Para além de muito prevalente, é uma área a que os internistas sempre se dedicaram”, esclareceu Teresa Fonseca. A convidada canalizou a sua intervenção tendo um enfoque no controlo tensional no AVC agudo e os seus respetivos objetivos, alertando para pontos-chave como a segurança e eventuais benefícios da descida tensional.
Por sua vez, Diana Aguiar de Sousa canalizou a sua apresentação na menção de estratégias para reduzir o tempo até à reperfusão. “Tempo é cérebro porque tanto no tratamento com trombólise endovenosa como na trombectomia mecânica por oclusão de grande vaso a redução do tempo até à reperfusão traduz-se em melhor prognóstico para os doentes tratados. É importante não esquecer que a melhoria dos tempos até à reperfusão significa também num aumento da proporção de doentes tratados com estas terapêuticas, uma vez que o número de doentes elegíveis se reduz com o tempo desde o início dos sintomas”. Por esse motivo, refere ser essencial considerar todos os tempos os passos da cadeia de cuidados, começando logo através da sensibilização da população para os sinais da doença e a necessidade de contactar os serviços de emergência médica. Outros aspetos associados, como é o caso da organização pré-hospitalar e o encurtamento dos tempos intra e inter-hospitalares, foram sublinhados pela convidada.
Marisa Mariano falou da entidade clínica ESUS que apesar de estar definida há quase 10 anos, continua a suscitar interesse e muitas dúvidas no que respeita o tratamento secundário adequado. Defendeu que o diagnóstico de ESUS não deve ser o fim de uma investigação etiológica, mas antes pelo contrário, deve ser o início de uma investigação complementar mais exaustiva.
Por este motivo, a oradora clarificou, à luz da evidência atual, a heterogeneidade etiológica deste grupo de doentes que “impõe a necessidade de subclassificar ou categorizar de acordo com o mecanismo fisiopatológico mais provável, pois só desta forma será possível estabelecer uma estratégia de prevenção mais eficaz”, avançou.
(04/10/2022)