No 29.º CNMI, um dos temas abordados foi a Revista de Medicina Interna. Para Helena Donato, este é um tema muito relevante, “pois todos nós já ouvimos o adágio ‘Publish or Perish’. A publicação de artigos científicos continua a ser uma métrica de sucesso académico e profissional, mas a escrita científica é uma competência, não é um talento, pode ser aprendida.”
Helena Donato revelou que a boa escrita científica, além de ser clara, concisa e gramaticalmente correta, deve também ser bem organizada, sendo necessário conhecer a core guidance. “Também convém não esquecer o que o editor-chefe quer quando um artigo é submetido à sua revista: quer que o artigo seja novo (confirme ou refute resultados anteriores; aumente o conhecimento ou produza novo conhecimento) e quer que cumpra todos os requisitos éticos, e ainda que seja relevante e encaixe no âmbito da revista”, explicou.
Acerca do seu contributo nesta sessão, além de ter dado dicas de como aumentar a hipótese de publicar artigos, a palestrante demonstrou que redigir um artigo científico e conseguir que seja publicado pode ser mais fácil se forem cumpridos um conjunto de diretrizes e recomendações. Referiu que, apesar de não existir uma receita secreta para o sucesso, existem algumas regras e recomendações que ajudam a ultrapassar algumas dificuldades.
“Para um artigo ser publicável deve ser original, resultado de uma investigação estruturada e reprodutível”, finalizou.
Nadine Santos e José Mariz, por seu lado, revelaram que a pertinência de trazer este tema a debate neste congresso é pelo facto de ser de “maior importância para o progresso da Medicina, ser fomentado pela Revista da Medicina Interna, que é o órgão oficial da SPMI e que tem como objetivo promover a ciência e a prática da Medicina Interna, cobrindo todos os seus aspetos. Ora, a Investigação clínica feita dentro da prática da Medicina Interna em Portugal é muito difícil, e mostrar aos colegas como ela pode ser feita com um exemplo prático, refletido na publicação do artigo original de que vamos falar na nossa revista, e que foi considerado pelo conselho editorial o melhor artigo original publicado em 2022, é a melhor maneira de discutir este tema tão importante. A boa prática médica deve ser de excelência na assistência aos doentes, e a Investigação clínica não está desligada dessa missão, pelo contrário, anda de braço dado com a assistência médica aos doentes para a melhorar. Esperamos que isto ajude e inspire mais jovens a fazer investigação clínica e a dar ideias aos que já a fazem para a melhorar e potenciar”.
Os especialistas abordaram como se processa a investigação clínica e como ela produz um artigo científico original, desde o planeamento, escolha de metodologia de investigação, envolvimento da equipa nas fases do processo e do conceito de equipa como elos de uma cadeia e da sua natureza interdisciplinar.
(05/05/2023)