No âmbito do 30.º CNMI, Sara Vieira Silva apresentou uma palestra sobre os desafios e dilemas enfrentados no cuidado de doentes em fim de vida, com foco no projeto “Bem Cuidar em Fim de Vida – Experiência Hospitalar Universitária”.
A sessão teve como principais objetivos a discussão sobre a oportunidade de melhorar a intervenção durante as últimas horas e dias de vida dos doentes em contexto hospitalar, partilhar dados relevantes, tanto internacionais quanto nacionais, salientar as melhores práticas conhecidas de cuidados ao doente nessa fase, e divulgar os principais resultados, dificuldades e oportunidades do projeto em curso na Unidade Local de Saúde de Santo António desde novembro de 2021.
Durante a sua apresentação, Sara Vieira Silva destacou pontos-chave, incluindo a missão do projeto e a proposta de melhoria da qualidade de cuidados ao doente em situação de últimas horas a dias de vida, o percurso dos estudos nesta área e monitorização internacional e nacional até o desenvolvimento e implementação do projeto, além das conquistas principais alcançadas, os desafios imediatos na melhoria do projeto e as perspetivas futuras a nível nacional.
Para a médica, a realização do 30.º Congresso Nacional de Medicina Interna é de extrema importância, pois representa “o maior evento nacional da área, reunindo diversas áreas de intervenção da Medicina Interna”. Destacou ainda que “os Cuidados Paliativos são uma componente essencial, enriquecendo-se da diversidade de conhecimento e competência da Medicina Interna, e a possibilidade de abordar a temática do fim de vida e das últimas horas a dias de vida constitui uma oportunidade crucial para a formação contínua e a atualização de metodologias em articulação com outras áreas de intervenção dos internistas”.
Quanto às expectativas em relação à iniciativa, espera contribuir para o aumento do conhecimento sobre cuidados de qualidade em fim de vida, conhecer outras intervenções na área e estabelecer parcerias e sinergias que fortaleçam ainda mais as práticas de Cuidados Paliativos.
Por outro lado, José Luís Pereira apresentou o tema “Hidratação e nutrição em fim de vida”, proporcionando uma visão perspicaz e compassiva sobre um tema crucial para o cuidado de doentes em estágios avançados de doenças graves.
Os objetivos da sessão foram ambiciosos e orientados para a prática, visando capacitar os participantes a reconhecer as limitações e os encargos da hidratação e nutrição artificiais em doentes em fim de vida, desafiando o pensamento convencional sobre a sua necessidade, compreendendo os mecanismos da caquexia em doenças avançadas e identificando situações excecionais onde esses tratamentos podem ser apropriados. Além disso, destacou-se a importância de envolver os doentes e as suas famílias nessas discussões sensíveis.
Durante a sua apresentação, José Luís Pereira enfatizou pontos-chave cruciais, como o reconhecimento de que a hidratação e nutrição artificiais podem muitas vezes resultar em sobrecarga e pior qualidade de vida para os doentes em fim de vida, e a compreensão de que, em casos de caquexia avançada, o foco deve ser no conforto do doente, evitando tratamentos fúteis.
Quanto à importância do congresso, destacou a necessidade de reconhecer os cuidados paliativos como uma componente essencial da prática de todos os especialistas em Medicina Interna e subespecialidades, sublinhando a importância de um enfoque holístico e compassivo no cuidado dos doentes em todas as fases da vida.
Por fim, divulgou o projeto Pallium Canada, que tem sido uma fonte de educação e formação em cuidados paliativos no Canadá ao longo de 24 anos, beneficiando milhares de profissionais de saúde, incluindo médicos internistas e outros especialistas.
Também Inês Costa abordou o tema “Adequação terapêutica e vias de administração de fármacos”, onde ofereceu uma análise perspicaz sobre a importância de ajustar os medicamentos e as suas formas de administração para pessoas em situação de fim de vida.
“O principal objetivo da minha sessão foi explorar os motivos por detrás da necessidade de adequar os fármacos e as respetivas vias de administração à pessoa em situação de fim da vida”, explicou, destacando a relevância de compreender as especificidades do fim de vida e como estas influenciam a eficácia dos medicamentos.
Inês Costa desafiou a audiência a questionar a utilidade de determinados medicamentos em fim de vida, mesmo quando prescritos seguindo as mais atualizadas guidelines. “É essencial considerar a adequação terapêutica e as vias de administração mais adequadas em cuidados paliativos”, afirmou a médica.
Durante a apresentação, foram abordados pontos-chave, incluindo o conceito de fim de vida, as implicações deste conceito, o que se entende por adequação terapêutica e quais as vias de administração preferidas em Cuidados Paliativos.
Sobre a importância do 30.º Congresso Nacional de Medicina Interna, Inês Costa enfatizou a oportunidade de reflexão coletiva em meio às mudanças na saúde em Portugal. “Esta edição será uma oportunidade para a Medicina Interna rever o seu posicionamento no Serviço Nacional de Saúde e a sua articulação com outras especialidades”, destacou.
(25/05/2024)