A saúde em Portugal enfrenta um desafio marcado pela ausência de estratégias que tenham por base um modelo de criação de valor e foi com essa preocupação em mente que Filipe Costa guiou a conferência “Indicadores de qualidade em Saúde”, que integrou o 28.º Congresso da SPMI.
“A realidade atual dos cuidados de saúde é confrontada com uma mudança emergente no paradigma da evolução dos modelos económicos de avaliação com tendência a mudar na sua conceção e avaliação dos resultados da saúde e da sua relação em torno de todos os intervenientes, especialmente os pagadores”, afirmou o convidado.
Filipe Costa abordou outras questões associadas aos modelos de decisão, como é o caso do valor dos gestos produzidos ao longo da cadeia de cuidados de uma determinada doença para o prestador e pagador de cuidados, para o doente e para a sociedade em geral. Um exemplo dado pelo orador foram as consultas e exames complementares de diagnóstico e tratamento, que são repetidos todos os dias sem uma demonstração tangível do valor. “Muitos modelos falam de indicadores, mas estaremos a criar modelos de benchmark efetivos? Indicadores que atendam ao princípio SMART? (Specific, Measurable, Achievable, Relevant, Timely) Serão a nossa prática do dia a dia na decisão?”, interroga.
O convidado referiu que a solução parte da procura por um maior equilíbrio do ecossistema com todos os stakeholders, contribuindo para um modelo de transparência e equilíbrio, que melhore progressivamente a cadeia de valor, nomeadamente nos custos associados, na sustentabilidade e na redução da variabilidade. A otimização do percurso do doente deve pois ser definida através de uma estratégia, tendo em atenção as bases geográficas curtas e a oferta de cuidados com algumas fragilidades.
“O foco não deve ser num mecanismo cego de controlo da despesa, mas sim na criação de valor em termos de resultados clínicos que interessam aos doentes e cujo resultado tem um custo certo para a maximização desses resultados e consequente criação de valor no seu ciclo total de cuidados num verdadeiro modelo focado no doente. Só o que medimos podemos gerir, reduzindo significativamente a dissonância cognitiva da ação”, finalizou Filipe Costa.
(04/10/2022)