No âmbito do 30.º CNMI, Andreia Carreira protagonizou uma sessão subordinada ao tema “Algoritmos de decisão e raciocínio clínico: ameaça ou complementaridade?”.
Durante a apresentação, enfatizou a evolução dos algoritmos de decisão, desde as suas formas mais rudimentares até às complexas ferramentas atuais, ressaltando a sua função como um valioso complemento à prática clínica. “Os algoritmos estão a evoluir no sentido de simplificar a vida dos médicos, deixando-lhes mais tempo para dedicarem ao fator humano da sua interação com o doente”, afirmou.
Abordando os pontos-chave da sessão, a médica destacou a integração dos algoritmos na prática clínica, bem como os benefícios e desafios éticos que essa integração apresenta. Além disso, proporcionou uma demonstração prática de como a inteligência artificial já é utilizada pelos especialistas em Medicina Interna para o benefício mútuo médico-doente.
Ao discutir a importância do 30.º Congresso Nacional de Medicina Interna, Andreia Carreira enfatizou o seu papel como uma plataforma vital para a troca de conhecimentos e experiências, oferecendo uma oportunidade ímpar para abordar inovações, desafios e avanços na especialidade. “É uma honra para nós contribuir para a discussão em torno do impacto da tecnologia na prática clínica”, expressou.
Quanto às expectativas em relação à iniciativa, a médica demonstrou confiança no programa de excelência do congresso, prevendo que as diversas sessões contribuirão para a atualização de conhecimentos e a preparação dos médicos para os desafios futuros. Destacou também a importância dos momentos de partilha, convívio e networking, que enriquecem ainda mais a experiência de todos os participantes.
Por outro lado, Nuno Bernardino Vieira apresentou uma análise profunda e perspicaz sobre o tema “Medicina Interna 2.0: Como Formar o Internista do Futuro”. Demonstrando grande entusiasmo pela discussão sobre os desafios e oportunidades da especialidade, enfatizou a necessidade de enfrentar a crise atual da Medicina Interna com soluções inovadoras e adaptadas à realidade portuguesa.
“Falarmos de desafios e oportunidades para o futuro é sempre desafiante, ainda por cima quando nos é dada a oportunidade de poder acrescentar alguma coisa,” afirmou, destacando que, após um período de crescimento significativo no início do século XXI, a Medicina Interna enfrenta atualmente uma fase de desmotivação e perda de qualidade na formação, exacerbada pela pandemia de COVID-19. “Temos assistido, principalmente no pós-COVID, a um esvaziamento de vários serviços, a uma perda da qualidade da formação, ao esgotamento dos resistentes e uma franca desmotivação das equipas”, acrescentou.
Um dos pontos mais alarmantes mencionados foi a baixa ocupação das vagas de Medicina Interna no último concurso de acesso à formação especializada, com 58% das vagas por preencher. Nuno Bernardino Vieira apontou que, apesar destes desafios, a Medicina Interna continua a ser essencial no sistema de saúde português, tanto no setor público quanto no privado. “O doente internado no hospital, seja no internamento convencional ou na sua própria casa, continua a precisar do internista para não ficar perdido no sistema entre pareceres e exames complementares.”
Para abordar esses desafios, o palestrante propôs diversas estratégias para valorizar a especialidade e torná-la mais atrativa. “É fundamental pensarmos como podemos formar o internista do futuro com os pés bem assentes no presente que estamos a viver,” disse, sublinhando a importância de uma formação médica que seja atrativa, desafiante e recompensadora.
O especialista acredita que o 30.º CNMI é uma oportunidade crucial para fortalecer e crescer a especialidade. “O Congresso Nacional, onde parte significativa dos internistas se encontram, é o espaço por excelência para encontrar consensos e linhas orientadoras,” afirmou. Concluiu que este evento pode representar um momento de disrupção positiva para a Medicina Interna em Portugal: “Temos que realmente olhar para o interior da Medicina Interna, identificarmos o que está a ser deletério para a especialidade e melhorar aquilo que fazemos pela saúde em Portugal.”
Com estas reflexões, Nuno Bernardino Vieira deixou claro que a chave para o futuro da Medicina Interna reside na adaptação, inovação e valorização contínua dos profissionais da área.
(24/05/2024)