A Medicina tem uma longa história e, como tal, o seu percurso está repleto de invenções e inovações que, direta ou indiretamente, salvam a vida a milhões de pessoas todos os dias. A conferência “Hepatite C: Uma História de Sucesso”, do 28.º Congresso da SPMI, abordou a evolução da forma que se olha e trata esta patologia, através da voz e conhecimento de Armando Carvalho.
Na sua apresentação, Armando Carvalho fez questão de expor a história da hepatite C, desde a descoberta do vírus em 1989, à procura de uma terapêutica e à cura do mesmo.
Persistência, esperança e reconhecimento foram palavras de ordem durante a sua exposição, quando se referia a quem identificou o vírus.
“Em 50 anos, há que destacar a persistência dos investigadores, a esperança trazida pela descoberta e o reconhecimento do mérito dos investigadores”, disse.
Para o orador, a hepatite C, ainda que seja um problema de saúde pública, já é bastante menor, graças à prevenção e tratamento.
Relativamente a Portugal, referiu que foram apresentadas nove teses de doutoramento, o envolvimento de internistas, gastrenterologistas e infeciologistas, que contribuíram para esta evolução.
Acerca do objetivo do tratamento é necessária que haja uma resposta viral mantida, ou seja, ausência persistente de deteção de ARN-VHC, pelo menos 12 semanas após o final do tratamento.
“Vimos a eficácia da terapêutica subir de 10% para quase 100% da erradicação viral”, assinalou.
Armando Carvalho disse que ao longo do tempo foi necessário muito trabalho, nomeadamente a negociação com as autoridades de saúde e indústria farmacêutica.
A eliminação da hepatite C é um desafio, no entanto, a OMS estabeleceu como meta para 2030 90% de redução das novas infeções crónicas, tratamento de 80% dos infetados e 65% de redução da mortalidade relacionada com a hepatite C.
Atualmente, na prática, tem existido uma microeliminação, através do protocolo com os estabelecimentos prisionais e diagnóstico e tratamento dos utilizadores de drogas, no entanto, não há um plano de rastreio/ diagnóstico precoce, é necessário um maior envolvimento da MGF e a disponibilização da terapêutica deve ser simplificada.
Ainda assim, importa referir que em cerca de 30 anos, de doença de causa não identificada, passou à identificação do agente etiológico e do tratamento pouco eficaz e com muitos efeitos adversos aos DAA: erradicação viral de mais de 95% dos doentes com tratamento simples.
“Vamos continuar a tentar eliminar a doença. De facto, há ainda muita coisa para fazer”, finalizou.
(04/10/2022)