“Doença Vascular Cerebral: novas evidências, novos paradigmas” foi o tema de umas das sessões do 30.º CNMI, onde abordou especificamente o tema “FOP quando e como pesquisar, melhor estratégia terapêutica”.
O objetivo da sessão, conforme explicou Marisa Mariano, foi “explicar sumariamente o que é o forame oval patente (FOP), a sua fisiopatologia no caso particular do AVC isquémico, bem como as situações clínicas (além do AVC) que podem indicar a necessidade de investigar a presença de FOP.” Além disso, a médica abordou os exames complementares de diagnóstico disponíveis, incluindo a atitude prática mais adequada à cabeceira do doente. Apresentou a evidência científica atual relativamente ao tratamento do FOP, comparando a oclusão percutânea do FOP com antiagregação ou hipocoagulação.
A especialista enfatizou que “o AVC isquémico pode ser a primeira manifestação de FOP em doentes jovens”, destacando a importância da pesquisa do FOP em doentes com menos de 55 anos que sofreram um AVC isquémico, dada a associação do encerramento percutâneo a uma diminuição do risco de recorrência futura.
Refletindo sobre a importância do congresso, afirmou: “O Congresso Nacional de Medicina Interna, enquanto evento científico que junta internistas com diferentes áreas de interesse na MI, constitui uma oportunidade de debate geral, bem como uma oportunidade de atualização em algumas das áreas de interesse da Medicina Interna”.
Em relação às suas expectativas para o congresso, a médica expressou esperança de que o evento promovesse a importância da Medicina Interna nos cuidados de saúde atuais e abordasse as questões e desafios a enfrentar num futuro próximo.
De seguida, Mariana Pintalhão abordou o tema “Novidades no tratamento de fase aguda do AVC isquémico: Trombólise e trombectomia”, que teve como objetivo resumir a evidência publicada no último ano nesta área. “Esta é uma temática em constante mudança e atualização, em que todos os anos se tem assistido a progressos muito significativos, que se têm traduzido numa melhoria efetiva do prognóstico dos doentes com AVC isquémico agudo”, explicou.
“Nesta sessão abordei a crescente evidência associada ao uso do tenecteplase (versus alteplase) no tratamento do AVC isquémico agudo, bem como o tratamento do AVC isquémico minor não incapacitante, em que a trombólise não demonstrou melhorar o prognóstico funcional, aumentando, no entanto, o risco hemorrágico dos doentes. Apresentei os estudos mais recentes relativos à realização de trombectomia mecânica em doentes com score ASPECTS baixo, que mostram uma melhoria do prognóstico funcional com este tratamento de reperfusão mesmo em doentes com uma área extensa de enfarte na avaliação inicial. Por fim, abordei algumas novidades apresentadas na última semana no congresso da ESO (10th European Stroke Organization 2024), destacando as guidelines relativas à abordagem do doente com oclusão da artéria basilar”, continuou a especialista.
A terminar, Mariana Pintalhão referiu que o Congresso Nacional de Medicina Interna, enquanto um dos maiores congressos médicos realizados anualmente no nosso país, é uma oportunidade única para a consolidação da afirmação da Medicina Interna como a especialidade basilar dos cuidados de saúde hospitalares. “É um local privilegiado para a reflexão e discussão do papel da Medicina Interna na melhoria dos cuidados de saúde, para a atualização do conhecimento nas diversas vertentes de atuação do Médico Internista bem como para a partilha de experiências das diferentes realidades e dos desafios que a nossa especialidade encontra nos diversos pontos do país”, concluiu.
Por fim, Teresa Mesquita apresentou uma palestra sobre “Doença vascular cerebral: novas evidências, novos paradigmas”, com um foco particular em “Anticoagulação para além da FA”. A sessão visou atualizar os conhecimentos sobre temas cruciais atualmente em debate, abordando estratégias de intervenção e tratamento de doentes com acidente vascular cerebral (AVC).
“A sessão pretende revisar algumas estratégias de intervenção, com destaque para o estudo etiológico do AVC, especialmente em jovens e por causas menos frequentes, e discutir as decisões de tratamento na fase aguda”, afirmou. Destacou a importância de examinar a hipocoagulação como estratégia de prevenção secundária em grupos específicos de doentes, onde ainda há incertezas sobre a melhor abordagem a seguir.
Sublinhou a necessidade de explorar causas embólicas de AVC além da fibrilhação auricular, que é o diagnóstico principal para a hipocoagulação. “Vamos revisar outras causas cardíacas, como a presença de trombo intracardíaco, alterações vasculares embolígenas e estados protrombóticos associados ao AVC isquémico, além de abordar a trombose venosa cerebral”, explicou. Ressaltou a importância de investigar e compreender o mecanismo fisiopatológico associado a cada caso para aplicar adequadamente as recomendações baseadas nas evidências científicas atuais.
Teresa Mesquita apontou o evento como uma oportunidade vital para a atualização de conhecimentos e a troca de experiências entre clínicos. “Este congresso permite a revisão de temas e atualização de um grande número de clínicos, promovendo a troca de conhecimentos e experiências de forma dinâmica e multidisciplinar”, afirmou, referindo que o evento dá voz aos internistas, que são fundamentais na atividade hospitalar e lutam para garantir cuidados de excelência aos doentes.
(25/05/2024)