Em 2019, estimava-se que, em todo o mundo, 463 milhões de adultos sofriam de Diabetes e Portugal é considerado dos países que regista uma das maiores taxas de incidência no panorama europeu. O 28º Congresso da SPMI não esqueceu este facto e dedicou a mesa-redonda “O Poder da Diabetes na Medicina Interna” a esta doença metabólica crónica.
“A escolha do tema justifica-se pela necessidade de reavivar o impacto que tem a Diabetes como doença crónica prevalente em meio hospitalar, associada a múltiplas complicações com necessidade de tratamento complexo e individualizado”, relembrou Filipa Rebelo. A oradora, juntamente com os restantes membros do painel, contribuiu para a partilha de conhecimentos sobre a prevalência da Diabetes no internamento hospitalar em Portugal, a relação com outras patologias, o impacto das comorbidades, a gestão terapêutica e o papel do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM).
No entanto, a intervenção de Filipa Rebelo dedicou-se, especificamente, ao impacto da Diabetes como comorbilidade e marcador de mau prognóstico nas grandes doenças da Medicina Interna. O objetivo foi reforçar a complexidade do tratamento da doença e a sua implicação no prognóstico, apresentando em simultâneo o papel que os internistas detêm no processo.
Por sua vez, Estevão Pape salientou o próprio “poder da diabetes” e as novas formas de encarar a organização e gestão dos centros de tratamento e, também, a modernidade digital, tendo sempre o paciente no centro da decisão. Por outro lado, pretendeu apresentar a visão tida do “futuro na responsabilidade de Internistas na abordagem da Diabetes, também ela a “nova Diabetes”, que tanto tem de desafiante como de preocupante se não for encarada de outras e novas formas de organização”.
As oradoras Rita Paulos e Conceição Escarigo focaram-se especificamente nos resultados do estudo “Diamedint 3”. “É um inquérito nacional que pretende caracterizar a população de diabéticos internados nos dias 12 de janeiro e 22 de junho de 2022 nos Serviços de Medicina Interna do país. Teve por base a mesma metodologia [do “Diamedint 1” e “Diamedint 2”], recolhendo-se dados demográficos, motivo de internamento, tempo de evolução, sua terapêutica em ambulatório e no internamento, assim como presença de fatores de risco e complicações, entre outros. Trata-se de um estudo inovador que permite dar a conhecer a realidade atual dos nossos doentes internados. É justamente com a visão holística da Medicina Interna que temos de tentar combater, por um lado os fatores de risco, como o sedentarismo e a obesidade, e por outro gerir a doenças e suas complicações como um todo, de forma a inverter as previsões futuras”, explicaram.
(03/10/2022)