A chegada da morte não é uma opção, a forma como se morre sim, porque pode ser preparada e ajustada às preferências da pessoa. A morte é na maioria das vezes um momento difícil, para o doente, a família e até mesmo para os profissionais de saúde que o acompanham. Conscientes desta realidade o NEBio e o NEMPal promoveram o Projeto MiMI (Morte iminente em Medicina Interna) patrocinado pela SPMI e pela Universidade Católica Portuguesa, tendo por referência os critérios do International Collaborative for the Best Care for the Dying Patient, com o objetivo de melhorar o acompanhamento do processo de morte nas Enfermarias de Medicina.
António Carneiro salientou que 62% dos portugueses morrem nos Hospitais, na sua maioria com envolvimento direto ou indireto da Medicina Interna. O orador salientou que, quando inquiridos, a maioria dos portugueses dizem querer morrer em casa, mas a realidade verificada é o oposto. Sugeriu que tal acontece porque os agregados familiares, diminuíram, as condições para cuidar das pessoas muito dependentes são de difícil acesso e as reflexões sobre o que cada um deseja, para si, quando estiver em situação de fim de vida (elaboração de planos individuais e integrados de cuidados) são ainda insuficientes e com grande margem de melhoria.
António Carneiro lembrou que a Assembleia da República se prepara para aprovar um documento que intitulou (incorretamente) de “morte medicamente assistida”, que se refere à “morte provocada a pedido do próprio”. Esta situação refere-se à morte provocada, em resultado de uma solicitação reiterada pelo próprio que está informado e capaz de exercer a sua autonomia, nos termos da Lei, o que não pode ser confundido com assistência médica na morte, coisa que acontece a 62% dos portugueses”.
Já a fase de validação do projeto MiMI foi apresentada por Rui Carneiro, o qual diz estar a ser desenvolvida em cinco eixos principais:
- Validação nacional de um modelo de boas práticas para doente em morte iminente ao cuidado da Medicina Interna;
- Caracterização de vivências do Internista no cuidar na situação de morte iminente;
- Identificação das necessidades formativas na área da situação de últimas horas/dias de vida;
- Identificação prospetiva da tipologia do cuidar do doente em morte iminente ao cuidado da Medicina Interna;
- Elaboração de Curriculum, Modelo Pedagógico e Formação na área em questão.
Deste modo, o orador partilhou, ainda, os primeiros resultados inerentes à investigação dos primeiros três eixos e não deixa de perspetivar ideias futuras para a área. “A breve trecho será feita uma avaliação transversal aos cuidados de doentes em últimas horas ou dias de vida nas enfermarias nacionais, numa estratégia de one-day survey, em que todos os serviços de medicina interna serão convidados a ter parte ativa”, referiu o convidado.
(03/10/2022)