Mariana Alves teve a oportunidade de apresentar uma sessão dedicada aos princípios básicos das unidades de Ortogeriatria, dentro do tema mais amplo “Desafios e soluções em Geriatria: da urgência ao ambulatório”.
Os objetivos da sessão liderada por Mariana Alves foram claros: contextualizar a história das unidades de Ortogeriatria em Portugal, demonstrar a sua importância e viabilidade, mesmo com recursos limitados, e inspirar colegas a implementarem essas unidades nos seus locais de trabalho. Destacou a recente criação da FFN-Portugal como um impulso para o desenvolvimento nesta área e expressou esperança de que a sua apresentação servisse de inspiração, especialmente para aqueles menos familiarizados com os princípios das unidades de Ortogeriatria.
Durante a sua palestra, Mariana Alves abordou a necessidade de unidades de Ortogeriatria em hospitais com cirurgia ortopédica, a viabilidade dessas unidades com diferentes níveis de recursos, o papel fundamental do internista com formação em Geriatria na abordagem do doente idoso com fratura de fragilidade, e a importância da avaliação geriátrica global para garantir os melhores cuidados de saúde em todas as fases do tratamento.
Para a especialista, o 30.º CNMI representa uma oportunidade vital para a comunidade médica se reunir, partilhar conhecimentos e experiências, e discutir avanços recentes na Medicina Interna. Ressaltou a importância do congresso na atualização dos médicos internistas, na promoção do networking e na construção de colaborações que possam impulsionar novos estudos e projetos clínicos e de investigação.
Acredita que o 30.º CNMI sirva como um estímulo e inspiração para as atuais e futuras gerações de internistas em Portugal, nos pilares da prática clínica, investigação e ensino.
Ana Sofia Pessoa também fez parte desta sessão, com o tema “Encaminhamento pós-alta hospitalar do doente idoso”. Ao explicar os objetivos da sessão, afirmou: “Pretendo reforçar a importância da continuidade de cuidados no doente idoso, especialmente através da Avaliação Geriátrica Global. Esta ferramenta-chave permite uma abordagem multidimensional para identificar todos os problemas que afetam a sua qualidade de vida e funcionalidade, reduzindo internamentos e readmissões “.
Os pontos-chave apresentados pela médica enfatizaram a complexidade desta abordagem e a necessidade de encaminhamento adequado após a alta hospitalar: ” A abordagem do idoso é complexa e prolongada no tempo. Não conseguimos resolver todos os seus problemas num internamento, e por isso é crucial referenciá-lo para consultas adequadas após a alta. Aqui, as consultas multidisciplinares de geriatria seriam a opção ideal, com a presença de vários profissionais de saúde em colaboração estreita ao longo do tempo e com conhecimento vocacionado para as necessidades específicas desta faixa etária”.
Quando questionada sobre a importância do congresso, Ana Sofia Pessoa destacou: “O CNMI é uma oportunidade única de partilha de conhecimentos e atualização científica, contribuindo para a valorização contínua da Medicina Interna e dos profissionais que a praticam”, considerando o programa “muito interessante e diversificado”.
Marília Fernandes também fez parte da mesa-redonda, onde apresentou uma sessão crucial sobre “Síndromes geriátricas comuns no serviço de urgência”, enfatizando a importância crescente da Medicina Geriátrica num país com uma população envelhecida como Portugal.
“Portugal é um dos países europeus com maior esperança de vida aos 65 anos, mas com menor número de anos de vida saudável a partir dessa idade, sendo considerado um país onde a Geriatria se encontra em desenvolvimento,” destacou. Salientou a necessidade urgente de discutir questões relacionadas com a Medicina Geriátrica, especialmente na Medicina Interna, onde os doentes geriátricos representam a maioria dos casos, tanto nos serviços de internamento quanto nos de urgência.
O objetivo da sessão foi “despertar para as síndromes geriátricas mais comumente presentes no serviço de urgência, as quais devem ser identificadas precocemente e estabilizadas ainda naquele local.” A especialista explicou que uma avaliação holística permite uma abordagem mais centrada no doente, garantindo melhores resultados, seja por meio da ativação de apoios sociais ou pela referenciação a equipas multidisciplinares competentes na gestão integrada durante a alta hospitalar.
Entre os pontos-chave discutidos, destacou que “as síndromes geriátricas são condições multifatoriais de elevada prevalência, cujo diagnóstico das causas subjacentes pode ser difícil, perigoso ou discutível.” Mencionou, ainda, a multimorbilidade e a polimedicação, quedas, fragilidade, delirium e demência como as síndromes mais frequentemente enfrentadas no serviço de urgência, um ambiente frequentemente inadequado para doentes idosos.
Acrescentou que os resultados em saúde geriátrica são geralmente avaliados em termos de perda da capacidade funcional, quedas e institucionalização, além da re-hospitalização e mortalidade. “As estratégias preventivas e terapêuticas das síndromes geriátricas são úteis, e essa premissa justifica a importância da sua identificação atempada através duma avaliação geriátrica global adaptada ao contexto,” acrescentou.
Sobre a importância do congresso, disse: “O CNMI permite anualmente o encontro entre várias gerações de médicos de diferentes pontos do país, sendo uma forma de atualização de conhecimentos.” Valorizou particularmente a inovação e a abordagem de tópicos menos discutidos, bem como a oportunidade de fortalecer redes de contactos para desenvolver projetos de investigação entre pares que enfrentam diferentes realidades diárias.
(25/05/2024)