A Tarde do jovem internista é uma das sessões já habituais nos congressos nacionais da SPMI.
Este ano dão o seu contributo Rita Noversa, Alexandra Esteves, Teresa Brito e Patrício Aguiar.
“Este é um curso que me parece pertinente para os internos de Medicina Interna que desejam manter-se atualizados com os últimos avanços no campo e explorar caminhos diversos para o crescimento pessoal e profissional”, começou por dizer Alexandra Esteves, que abordou as oportunidades a que os jovens internistas podem ter acesso num hospital distrital.
“Como recém especialista, o CNMI permite uma oportunidade valiosa para estabelecer contactos com colegas e ganhar exposição a novas ideias e abordagens na área, permitindo explorar novas na Medicina Interna e continuar a crescer como profissional de saúde neste campo dinâmico e emocionante”, explicou.
Em concordância, Rita Noversa é da opinião de que nos encontramos “perante uma encruzilhada que opõe a perceção Osleriana da especialidade vs. (ou add-on?) a crescente subespecialização. Em qualquer das vertentes, a Medicina Interna diferencia-se das restantes especialidades pela distinta forma de pensar, integradora e holística. Contudo, a rápida expansão do conhecimento, das técnicas e dos tratamentos para as diversas pluripatologias com que diariamente lidamos e aprendemos, impulsiona uma constante evolução e é do nosso maior interesse acompanharmos a inovação científico-tecnológica e usá-la em proveito dos nossos doentes. Serão aqui fulcrais os jovens internistas, como simultaneamente alunos e professores, para delinear o caminho que permitirá à Medicina Interna manter a sua relevância no futuro”.
Além disso, acrescentou que “a cada vez maior exigência imposta, não só pelas crescentes expectativas e pressões externas, como também pelo aumento exponencial dos doentes mais idosos e multimórbidos, é difícil de satisfazer, mas o caminho passará, inevitavelmente, por explorar e promover esta visão da Medicina Interna como uma especialidade adaptável e centrada no paciente”. “Quem melhor para o fazer do que os que começam agora a traçar o seu caminho?”, concluiu.
Também Teresa Brito revelou que “este tema é de extrema importância para todos aqueles que se encontram na minha fase de formação, a terminar a especialidade em Medicina Interna. A nossa especialidade é desafiante, seja pela importância da melhor abordagem de várias patologias, pela necessidade de estudo e atualização permanente e também pelo tipo de atividade clínica, que engloba o internamento, o serviço de urgência e a consulta externa/ambulatório”.
“Este é um momento de discussão muito produtivo e com partilha de experiências variadas. Sendo a especialidade de Medicina Interna um pilar fundamental no funcionamento das instituições de saúde, o futuro da especialidade depende muito dos novos médicos que se estão a formar nesta área”, finalizou.
Patrício Aguiar, na sua intervenção, explicou que num momento em que a Medicina Interna atravessa diversos desafios, entre os quais a ultra-especialização da Medicina, as exigências associadas ao envelhecimento populacional, o florescimento das ferramentas de “machine learning” na execução de tarefas ou de inteligência artificial no auxílio ao diagnóstico, uma tendência a uma visão urgenciocêntrica do Sistema Nacional de Saúde, de que não se podem dissociar problemas relevantes como o esgotamento associado ao período pós-pandémico imediato e a escassez de recursos humanos, é essencial uma sessão dedicada ao jovem internista.
“É essencial a modernização e redefinição da Medicina Interna, reafirmando o seu papel central e fulcral na organização hospitalar, pelo que é necessário refletir e discutir sobre as inúmeras e complexas competências que o médico de Medicina Interna necessita de adquirir, por exemplo, no âmbito do raciocínio clínico, na gestão de doentes complexos que apresentem agudização da sua situação clínica, na Medicina de emergência e em comunicação, ética e profissionalismo. Mas não esquecendo as excelentes e diversificadas oportunidades oferecidas pela especialidade de Medicina Interna, não só na atividade assistencial pré e hospitalar, bem como na investigação clínica e como área fulcral e central na educação médica clínica”, justificou.
“Esta será uma ótima oportunidade de reencontros pessoais, mas também com a própria especialidade e as suas oportunidades, não só na atualização de importantes temáticas e competências, mas também no restabelecer de networking profissional, investigacional e pedagógico”, terminou o especialista.
(06/05/2023)