A primeira mesa-redonda do 29.º CNMI teve como tema principal “Venous Thromboembolism: What the future holds”. Acerca da pertinência do tema, o palestrante André Luz considerou que “falar de tromboembolismo venoso (TEV) é sempre importante pela sua prevalência, sendo útil revisitar os algoritmos de investigação e tratamento. Rever elementos científicos emergentes da literatura científica e partilhar experiências levará ao enriquecimento da prática clínica, nomeadamente uniformizando protocolos de atuação, sempre que isso seja possível”.
Em concordância, Frederikus A. Klok, também palestrante da mesa-redonda, é da opinião de que este é um tópico muito importante, uma vez que tudo o que diz respeito ao TEV está em constante mudança, tanto do ponto de vista da estratificação de risco e tratamento intervencionista, como da perspetiva de novos conhecimentos sobre o seu impacto a longo prazo.
Também Melanie Ferreira considerou que o TEV é uma “patologia prevalente na população tratada pela medicina interna, tanto no serviço de urgência, no internamento, como na consulta externa. É uma área com grandes avanços na abordagem, tratamento, e seguimento ao longo dos últimos anos, mas ainda com grandes incertezas e debate em torno dos principais temas que irão ser abordados na mesa. Esses temas são relevantes para todos os internistas, nomeadamente no que irá ser a abordagem destes doentes no futuro muito próximo”.
Sobre o tema que se debruçou, “Systemic Thrombolysis vs catheter directed treatment with or without systemic thrombolysis”, André Luz explicou que “as técnicas de reperfusão no tromboembolismo pulmonar dirigidas por catéter (CDT) estão a ganhar cada vez mais terreno em alguns centros internacionais, pela eficácia que têm, sem expor o doente ao risco hemorrágico que acarreta o atual tratamento com trombolítico por via sistémica”. Acrescentou, ainda, que “estas técnicas parecem ser bastante eficazes com um perfil de segurança elevado. A sua divulgação com casos clínicos da nossa experiência certamente ajudará os clínicos que tratam os doentes com tromboembolismo pulmonar, na medida em que ficarão a conhecer melhor as potencialidades, indicações e limitações da CDT”.
Por seu lado, Frederikus A. Klok, dedicou-se ao tema “Post-pulmonary ebolism syndrome. from deconditioning to chronic thromboembolic disease”, onde discutiu os principais desenvolvimentos em relação à epidemiologia, etiologia e manejo da pós embolia pulmonar.
A especialista Melanie Ferreira, ao longo da sua apresentação sobre o tema “VTE Outpatient clinic: to whom and how -tailoring our approach”, afirmou que o doente com TEV é um doente complexo, que carece de terapêutica e abordagem individualizada, tendo em conta as suas características e atuais recomendações.
“A consulta de TEV é o local ideal para determiner a estratégia adequada para aquele evento e aquele individuo, que pode variar ao longo do tempo – desde o evento agudo à profilaxia secundária; promover a adesão terapêutica; minimizar o risco associado à terapêutica; prevenir recorrências e complicações crónicas, e detetar precocemente complicações crónicas do TEV. O futuro passará por uma abordagem cada vez mais individualizada e especializada do tromboembolismo venoso, desde a sua prevenção, ao tratamento e previsão de recorrência, possibilitando minimizar os riscos e maximizar os benefícios. A consulta de TEV permitirá centralizar esta abordagem em todos estes momentos”, explicou.
Os palestrantes esperam que o 29.º CNMI seja um espaço dedicado à discussão e partilha de experiências, tendo um vasto leque de temas, com um olhar para o que será o futuro da Medicina Interna em Portugal.
(05/05/2023)