A sarcopenia — perda progressiva de massa, força e função muscular — foi tema em destaque na mesa-redonda “Sarcopenia, do Diagnóstico ao Tratamento”, integrada no 31.º Congresso Nacional de Medicina Interna (CNMI). Ana Pessoa conduziu a sessão “Enquadramento na prática clínica”, com uma abordagem prática e integrada deste problema crescente, especialmente no contexto do envelhecimento e da multimorbilidade.
A médica apresentou o tema de forma abrangente, passando pelos mecanismos fisiopatológicos, estratégias de diagnóstico com ênfase funcional, e pela intervenção não farmacológica baseada em nutrição e exercício físico. “Pretende-se reforçar o papel ativo do médico internista na prevenção e no tratamento da sarcopenia, com impacto direto na qualidade de vida e no prognóstico dos nossos doentes”, sublinhou Ana Pessoa.
Durante a apresentação, foi dada especial atenção à avaliação prática da força, massa e performance física, de acordo com as mais recentes recomendações internacionais, bem como à utilização de ferramentas clínicas simples, eficazes e adaptadas à realidade nacional. Na vertente terapêutica, destacou-se a importância de um aporte proteico adequado, suplementação e fortificação alimentar, combinados com intervenções de exercício físico, como pilares fundamentais na reversibilidade da sarcopenia.
Segundo a internista, trazer este tema para discussão no congresso é essencial: “A sarcopenia continua a ser subdiagnosticada, apesar do seu impacto bem documentado na incapacidade funcional, risco de quedas, mortalidade e prolongamento do tempo de internamento.” Defendeu uma abordagem sistemática da função muscular desde a admissão hospitalar até ao ambulatório, e considerou o debate uma oportunidade para integrar geriatria e nutrição numa abordagem transversal e multidisciplinar.
Já Sofia Duque focou-se no tema da suplementação em fim de vida, enquanto que Anabela Pereira destacou a importância dos biomarcadores precoces e da avaliação imagiológica na deteção atempada daquela condição. A especialista sublinhou que a sarcopenia, caraterizada pela perda de massa, força e desempenho muscular, tem um impacto profundo na autonomia dos doentes, aumentando o risco de quedas, hospitalizações e até a morte.
“A identificação precoce é essencial para iniciarmos intervenções eficazes que possam reverter ou minimizar os seus efeitos”, referiu, salientando o papel dos avanços tecnológicos na melhoria do diagnóstico.
Anabela Pereira alertou ainda para a subdiagnóstico da sarcopenia, prevalente não só em idosos, mas também em doentes com cancro ou insuficiência cardíaca. “Trazer este tema a debate é essencial para sensibilizar os médicos para a necessidade de uma avaliação sistemática e mais integrada”, frisou.
A palestrante aproveitou ainda para descrever o 31.º Congresso Nacional de Medicina Interna como um espaço de partilha e atualização científica que promove a reflexão sobre os desafios da prática médica atual.
Por sua vez, Ana Pessoa destacou o seu papel na valorização da Medicina Interna. “Espero que esta sessão possa gerar interesse, debate e motivação para que mais colegas integrem sistematicamente a avaliação e a abordagem da sarcopenia na sua prática diária.” Para a médica, o CNMI é “um motor de mudança, de inovação e de valorização da Medicina Interna como especialidade agregadora, holística e essencial ao cuidado do doente complexo”.
(24/05/2025)