Raquel Faria foi uma das palestrantes na sessão “Doenças autoimunes: da fisiopatologia aos desafios terapêuticos”, apresentando o tema “Nefrite lúpica: das guidelines à otimização terapêutica” durante o 30.º CNMI.
Explicou que a sessão teve como principal objetivo “rever a abordagem da nefrite lúpica dentro das novas recomendações da EULAR para a abordagem do Lúpus Eritematoso Sistémico de 2023, com foco nas alterações propostas para a abordagem da nefrite lúpica”. Destacou a importância de explorar as mudanças nas recomendações para a terapia de indução, especialmente a associação com belimumab ou voclosporina, que têm mostrado eficácia na “preservação da função renal, diminuição dos surtos renais e não renais, e redução do dano”. Outro ponto relevante foi a discussão sobre o papel das rebiopsias na otimização do tratamento imunomodulador em doentes com atividade subclínica mantida, além de considerar “terapêuticas adjuvantes com dados mais recentes, além de iECA/ARAII com inibidores da SGLT2”.
Para Raquel Faria um dos pontos-chave abordados foi “como melhorar o prognóstico, renal e global, dos doentes com lúpus eritematoso sistémico com envolvimento renal”, enfatizando a necessidade de uma abordagem terapêutica otimizada e individualizada, que possa melhorar significativamente a qualidade de vida dos doentes.
Sobre a importância do 30.º Congresso Nacional de Medicina Interna, Raquel Faria afirmou que, “com a diferenciação da Medicina Interna inerente à evolução exponencial da Medicina, é importantíssimo partilharmos saberes específicos dentro da globalidade de abordagem dos doentes multissistémicos e as suas pluripatologias”, esperando “aprender, rever colegas e discutir redes de trabalho nacional”.
Em concordância com o tema central, João Serôdio apresentou “Sépsis e autoimunidade: semelhanças e diferenças”. Nesta palestra, João Serôdio propôs-se a fazer uma revisão dos mecanismos de disfunção imunológica na sépsis e nas doenças autoimunes, tendo-se focado nas semelhanças e diferenças mecanísticas, bem como nas janelas de oportunidade para poder melhorar o prognóstico da sepse com tratamentos imunomoduladores dirigidos.
“Tanto a sépsis como as doenças autoimunes são patologias muito frequentes. Ambos os grupos de patologias se caracterizam por disfunção de mecanismos imunológicos. O adequado conhecimento destes mecanismos e o reconhecimento de diferentes padrões imunológicos na sépsis, poderá tornar possível a aplicabilidade de terapêuticas imunomoduladoras na sépsis, num contexto de Medicina de precisão”, explicou.
Para o especialista este Congresso é a grande reunião da Medicina Interna em Portugal. “Numa altura em que a Medicina Interna tem vindo a crescer, diversificando o seu âmbito de atuação dentro e fora do hospital e especializando-se em áreas de ultra-diferenciação, é importante continuar a reunir todos os internistas na mesma casa-mãe”, concluiu.
Catarina Favas dedicou-se ao tema “Glucocorticóides: novas estratégias”, onde pretendeu revisitar o conhecimento atual sobre os mecanismos farmacológicos dos glucocorticóides e dar a conhecer como esse conhecimento tem influência nas novas estratégias de utilização destes medicamentos nas doenças autoimune.
Para a especialista, os pontos a destacar da sua sessão prendem-se com “os novos regimes de corticoterapia com impacto na redução de efeitos secundários, mas sem compromisso da eficácia e nas novas estratégias em doenças autoimunes como o lúpus eritematoso sistémico e vasculites associadas ao ANCA.
“Este Congresso é fundamental para a divulgação de conhecimento científico produzido no âmbito da Medicina Interna, atualização e revisão das diferentes áreas de atuação da Medicina Interna e, ainda, um momento de partilha de experiências com colegas de outras instituições”, expressou Catarina Favas.
(24/05/2024)