Paulo Carrola e José Presa foram os moderadores da mesa-redonda dedicada à autoimunidade em doença hepática. João Madaleno, Margarida Eulálio e Suzana Calretas deram o seu contributo.
“A Doença Hepática Autoimune engloba um grupo de distúrbios crónicos inflamatórios e imuno-mediados do fígado e da árvore biliar, que inclui a Colangite Biliar Primária (CBP), a Hepatite Auto-imune e a Colangite Esclerosante Primária. São doenças relativamente raras, que afetam doentes de todas as idades, de ambos os sexos e que apresentam um espectro clínico diverso, desde doentes assintomáticos, a cronicamente doentes ou em falência hepática. O conhecimento atualizado sobre estas entidades clínicas é fundamental para um diagnóstico e tratamento atempados, de forma a evitar complicações graves”, começou por explicar Margarida Eulálio.
Sobre o seu tema em específico – a CBP – a especialista explicou que se trata de uma doença colestática crónica, que afeta sobretudo mulheres em idade ativa, sendo que uma das consequências mais graves da CBP é a progressão silenciosa para uma doença hepática crónica irreversível, a cirrose.
“É fundamental uma abordagem estruturada e individualizada ao longo da vida dos doentes com CBP, com o objetivo de prevenir a doença hepática progressiva e melhorar os sintomas associados à doença que reduzem a sua qualidade de vida. As terapêuticas disponíveis impedem a progressão da doença, mas o seu uso tem limitações e desafios, e ainda existem necessidades consideráveis sem resposta, nomeadamente tratamentos que conduzam à cura da doença. Ao longo dos últimos anos, têm surgido inúmeras terapêuticas promissoras, mas ainda se encontram sob investigação”, finalizou.
Em concordância, Suzana Calretas afirmou que a temática da autoimunidade é extremamente importante. “Se por um lado é responsável por uma fatia importante da patologia hepática, por outro lado é transversal a toda a Medicina Interna, dado o seu carater multissistémico. Acresce que é um campo em evolução permanente, em que há muita pesquisa e muitas novidades para a prática clínica”, justificou.
Acerca do seu tema, questionou: “Como não abordar a colangite esclerosante primária numa mesa sobre auto-imunidade hepática? Nos últimos meses fomos brindados com a atualização das guidelines da EASL e AASLD (que datavam de 2009 e 2010, respetivamente) e há muita investigação a acontecer nesta área. Não faltam, portanto, novidades, nomeadamente no âmbito no diagnóstico e estadiamento não invasivo, scores de prognóstico e terapêutica”.
Margarida Eulálio aproveitou a ocasião para revelar que espera que este encontro seja de elevado nível científico, num ambiente de trabalho profícuo, de partilha de conhecimentos e de convívio, de forma que todos contribuam para uma Medicina Interna cada vez mais competente, eficaz e reconhecida. Também Suzana Calretas demonstrou ter as expectativas elevadas para o congresso, acreditando que será um espaço de atualização científica, onde se partilharão experiências.