A sessão “Café com o Perito – DILI: drug induced liver injury” é uma das atividades que esteve em destaque no segundo dia do 29.º CNMI. Joana Calvão foi a palestrante responsável por guiar este tema, alertando para a problemática da ligação entre consumo de fármacos e lesões no fígado.
“A drug induced liver injury (DILI), em português, lesão hepática induzida por fármacos, constitui um importante problema de saúde, sendo responsável por cerca de 10% de todos os casos de hepatite aguda e por cerca de 25 a 50% dos casos de falência hepática aguda”, começou por recordar a profissional de saúde.
Joana Calvão destacou ainda que este problema tem verificado um crescimento no que diz respeito à sua incidência, essencialmente nos doentes hospitalizados, fruto do progressivo reconhecimento dos clínicos da existência e da importância desta patologia.
No entanto, a oradora não deixou de reconhecer o percurso por percorrer ainda nesta área, mostrando os seus objetivos no contributo efetuado no encontro da SPMI. “A DILI pode reproduzir todos os padrões de lesão hepática analítica e histologicamente, constituindo um verdadeiro desafio para qualquer Internista, sendo de grande pertinência abordá-lo na maior reunião nacional de Internistas. Pretendi, na minha apresentação, expor alguns tópicos sobre a importância e as diversas formas de apresentação da DILI para que, de alguma forma, possa contribuir para o reconhecimento precoce e melhor abordagem desta entidade”.
Por outro lado, Paulo Almeida foi o convidado que recorreu a esta iniciativa da SPMI para elucidar o público sobre a “Avaliação Geriátrica Global” (AGG), reconhecendo que a população idosa adoece de forma diferente e mais complexa, e que a avaliação médica clássica, que se fundamenta unicamente em problemas clínicos, é manifestamente insuficiente para avaliar os doentes desta faixa etária.
“A AGG surge assim como a metodologia fundamental para diagnosticar de forma precisa e completa todos os problemas do idoso (comorbilidades e síndromes geriátricas), avaliar de forma exaustiva e multidimensional o idoso nos planos em que poderá ser deficitário (designadamente o estado funcional, cognitivo, nutricional e social) e planear estratégias de tratamento, compensação, reabilitação e prevenção, visando a autonomia e a qualidade de vida. Apesar de diversos estudos controlados randomizados e metanálises demonstrarem a eficácia da AGG e desta ser exaustivamente recomendada em várias áreas como a Oncologia, ainda é pouco reconhecida e utilizada pelos clínicos, tornando-se fundamental a sua abordagem no CNMI”, elucidou o orador.
Por fim, também se procedeu à realização da sessão “VIH – diagnóstico e prevenção pós-exposição”, pela voz de José Vera, que aproveitou para evidenciar que, nos últimos três anos, existiu um declínio de novos casos de vírus da imunodeficiência humana (VIH), tanto a nível europeu como nacional.
Não obstante, afirmou que é necessário continuar a incrementar o esforço de diagnóstico perante a população infetada e não diagnosticada, de modo a evitar novas transmissões, tendo em conta que mais de 50% dos novos casos são detetados tardiamente, já com presença de morbi-mortalidade significativa.
“A Medicina Interna, pelo papel fulcral dos serviços de urgência, nas enfermarias, na consultoria e apoio a outras especialidades, posiciona-se como um elemento importante neste esforço coletivo. É, pois, necessário alertar para as situações que nos possam proporcionar não só o diagnóstico, mas também e cada vez mais, o diagnóstico precoce da infeção pelo VIH”, referiu José Vera, que teve a oportunidade de fazer uma revisão sobre as questões da prevenção pós-exposição (PPE) e da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).
(05/05/2023)