A reunião magna dos Internistas começou hoje com a sessão de abertura do 30º CNMI, organizado pela ULSTMAD, sob o lema “No Interior da Medicina”.
O papel essencial dos Internistas no SNS, os problemas, constrangimentos e desafios que a especialidade enfrenta foram temas transversais a todos os intervenientes nesta sessão.
A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, começou por referir que “a Medicina Interna é essencial para o SNS, mas também temos a certeza de que há um trabalho urgente para fazer e nós, Ministério da Saúde, temos de fazer a nossa parte”. A ministra não escondeu a necessidade de se alterarem as condições atuais do trabalho dos Internistas para que a atratividade pela especialidade não seja mais afetada. “Precisamos de aprofundar o trabalho com a Ordem dos Médicos, o colégio da especialidade e a SPMI para que consigamos ter propostas que levem à valorização da Medicina Interna”.
A Presidente da SPMI, Lèlita Santos, começou a sua intervenção afirmando que “a Medicina Interna, como todo o SNS e as outras especialidades, estão a passar um período de grandes dificuldades, mas simultaneamente de muitos desafios e tem de ser valorizada. As condições de trabalho dos internistas têm-se degradado. Desde as condições ao nível dos equipamentos, à falta de recursos humanos, médicos e outros, aos contratos com obrigatoriedade de cumprir 18 horas semanais na urgência, até à falta de incentivos e de compensações remuneratórias justas, de acordo com as múltiplas tarefas que desempenham”. A finalizar Lèlita Santos garantiu que “neste congresso seguramente iremos demonstrar como os internistas são médicos capacitados, cientificamente bem preparados, com ideias seguras e prontos para fazerem parte das soluções”.
O dinamismo da SPMI e o seu contributo fundamental no desenvolvimento do saber, da ciência, do conhecimento, da formação médica marcaram o início do discurso do Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes.
O Bastonário referiu ainda que tem plena consciência que há três especialidades a atravessar momentos muito difíceis, porventura decisivos, e às quais a Ordem dos Médicos tem dado particular prioridade: a Saúde Pública, a Medicina Geral e Familiar e a Medicina Interna. “Fico muito preocupado quando vejo o número de vagas por preencher na Medicina Interna. Temos de inovar, sair da caixa, para valorizar a Medicina Interna. Temos de reformar os hospitais e colocar os Internistas no centro do Hospital”.
Sobre os programas de formação que aguardam aprovação por parte do Governo desde 2019, Carlos Cortes, congratulou-se com as palavras da Ministra da Saúde que avançou que os mesmos seriam aprovados no prazo de 30 dias.
Já Ivo Oliveira, Presidente da Unidade Local de Saúde de Trás-Os-Montes, centrou a sua intervenção no “desafio da atração e retenção de profissionais, sendo necessário diferenciar o interior, de forma a evitar que os profissionais saiam para entidades mais perto do mar. Precisamos de valorizar o interior, valorizando o nosso território com medidas concretas nesta área, quer na contratação de profissionais de serviço, quer no incentivo para as vagas carenciadas, quer na diferenciação para a contratação direta de profissionais, quer na redução de limitações na capacidade de internamento, devido aos internamentos sociais”.
Outro momento marcante da sessão de abertura passou pelas intervenções online de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, e de Tedros Ghebreyesus, Diretor Geral da OMS.
Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou o lema deste congresso para afirmar que “é preciso olhar para o interior do país e para as desigualdades, desigualdades que a Medicina Interna conhece bem por estar presente em todo o território nacional. Precisamos da visão dos Internistas para construir um futuro melhor”, afirmou.
Tedros Ghebreyesus não quis deixar de realçar o papel dos Internistas durante a pandemia de COVID-19. “A pandemia colocou o papel dos Internistas em destaque. Trabalharam nos hospitais em condições desafiadoras. Obrigado pelo vosso esforço e trabalho desenvolvido”.
O 30º CNMI acontece a par do 9º Congresso Ibérico de Medicina Interna e para Juana Carretero, Presidente da Sociedade Espanhola de Medicina Interna, “ambas as sociedades lideram um modelo central e abrangente da Medicina Interna na Europa. Construímos um bloco juntamente com colegas gregos e italianos, que tentam recuperar a nossa essência enquanto internistas no resto da Europa”.
David Pimentel, Vice-presidente da Camara Municipal de Loulé, destacou os investimentos feitos pelo concelho na área da saúde e pegou no lema deste congresso para deixar um convite a todos os participantes, “não se deixem ficar perto do mar e visitem o interior do concelho de Loulé”.
Fernando Salvador, Presidente da Comissão Organizadora encerrou a sessão começando por afirmar que “celebramos hoje 30 Congressos Nacionais de Medicina Interna. A vossa presença denota a vitalidade da Medicina no geral e a importância dos médicos nos mais variados serviços de saúde (públicos, privados ou do setor social) e também na Sociedade. A vossa presença denota este compromisso. Que nos queremos atualizar, que queremos discutir estratégias e reformas e que queremos contribuir para uma melhor Sociedade. A Saúde tem de ser um pilar dos dias de hoje, o SNS tem de continuar a ser a maior conquista do pós-25 de abril. Os médicos têm de continuar na linha da frente do diálogo, das reformas e dos projetos e consequentemente dos progressos. Só uma discussão atual e a elaboração de um plano envolvendo os médicos permitirá que o SNS ultrapasse a sua “crise dos 40”. Não tenho dúvidas que só se nos aproximarmos e dermos melhores condições de trabalho a todos os profissionais de saúde conseguiremos caminhar em direção à excelência e aos melhores cuidados de saúde às populações em todos os territórios”.
Fernando Salvador encerrou o seu discurso afirmado “que vos saibamos receber tal como tão bem se recebe em Trás-os-Montes. Tal como Miguel Torga dizia: “Bata-se a uma porta, rica ou pobre, e sempre a mesma voz confiada nos responde: – Entre quem é! Sem ninguém perguntar mais nada, sem ninguém vir à janela espreitar, escancara-se a intimidade duma família inteira. O que é preciso agora é merecer a magnificência da dádiva.”
No final uma surpresa para todos os presentes. O mágico Mário Daniel brindou a plateia com uma série de truques que não deixaram ninguém indiferente.
(23/05/2024)