“Imunologia Clínica” é o tema de uma das mesas-redondas do penúltimo dia do 29.º CNMI. João Serôdio, Susana Oliveira e Sofia Pinheiro, enquanto palestrantes, e Fernando Salvador e Raquel Faria, na moderação, debruçaram-se sobre o tópico.
“As doenças autoimunes constituem uma área de diferenciação na Medicina Interna, provavelmente, pelas suas baixas incidência e prevalência, mas no seio da qual se incluem muitas patologias do Internista dado o seu verdadeiro carácter multissistémico. É assim importante tratar algumas destas entidades de difícil diagnóstico e tratamento, frequentemente, complexo”, começou por explicar Sofia Pinheiro.
A palestrante focou-se em “Patient Related Outcomes: importância na prática clínica”, onde abordou “um assunto premente e em franco desenvolvimento que, longe de ser exclusivo à patologia autoimune, é aplicável e cada vez mais, efetivamente, aplicado a todas as áreas da prática médica já que reforça a opinião do doente relativamente à sua doença e ao seu tratamento. Ao pedirmos aos nossos doentes que nos digam como se sentem, como sentem a doença e como sentem o tratamento, estamos a permitir que nos mostrem o caminho que querem seguir e que nem sempre é aquele que considerámos para eles”.
Sofia Pinheiro destacou, ainda, que este é um congresso muito rico pela diversidade e abrangência dos assuntos tratados. “Estou convicta que sairemos deste encontro satisfeito pelo que somos como especialidade e por tudo o que fazemos”, concluiu.
João Serôdio revelou que “o sistema imunitário é responsável pela orquestração da resposta de defesa a estímulos nocivos endógenos ou exógenos em todo o organismo. Desta forma, o sistema imune está envolvido em processos fisiopatológicos de inúmeras doenças, quer sistémicas quer especificas de órgão. Considerando a sua ubiquidade, as desregulações imunológicas manifestam-se frequentemente com envolvimento de vários órgãos. Sendo o internista o médico hospitalar mais preparado a lidar com pluripatologia e afeções multiorgânicas, considero que é da maior pertinência a presença de uma mesa-redonda de imunologia clínica no Congresso Nacional de Medicina Interna”. Sobre o seu tema em específico, “Vasculites sistémicas. Novos aspetos classificativos e terapêuticos”, o especialista explicou que as vasculites são um dos paradigmas de doenças imunomediadas sistémicas, englobando, contudo, um grupo muito heterogéneo de patologias. “Recentemente, foram atualizados os novos critérios classificativos ACR/EULAR 2022 para as vasculites sistémicas, que tentam enquadrar alguns dos avanços científicos no âmbito destas patologias”, afirmou.
João Serôdio espera que o 29.º CNMI seja dinâmico e definidor do que poderá ser o internista do futuro: “uma pedra basilar do funcionamento de qualquer instituição hospitalar”.
(06/05/2023)