Uma das sessões que suscitou especial interesse no 31.º Congresso Nacional de Medicina Interna (CNMI) foi a mesa-redonda “A Grávida na Urgência”, que contou com a participação da médica Inês Palma dos Reis, Coordenadora do Núcleo de Estudos de Medicina Obstétrica da SPMI.
A especialista apresentou uma intervenção dedicada às doenças agudas comuns na gravidez, com o objetivo de rever os problemas médicos que mais frequentemente levam as grávidas às urgências. “Sistematizámos a sua abordagem nesta população especial”, explicou, sublinhando a importância de uma resposta clínica adequada e atualizada.
Inês Palma dos Reis destacou a relevância do tema, justificando que “as grávidas estão cada vez mais velhas, mais doentes e a medicina cada vez mais complexa, em atualização constante”. Nesse contexto, frisou que é fundamental que os profissionais estejam preparados para atuar em contexto de urgência. “É necessário otimizarmos o tratamento da mulher, salvaguardando o melhor interesse do binómio materno-fetal”, afirmou.
Sobre o congresso, a médica considerou-o uma oportunidade única para atualização científica e partilha entre colegas: “O CNMI é sempre uma ótima oportunidade para nos atualizarmos, partilhar experiências e rever colegas”.
Acrescentou ainda que o atual contexto de instabilidade, a vários níveis — “nacional e internacional, ambiental, geológica, política” — tem um impacto direto na saúde, especialmente nos mais vulneráveis. “Isso torna ainda mais prementes as discussões e soluções para a saúde e o apoio aos médicos, para garantir a qualidade dos cuidados — de todos, e das grávidas em particular”, concluiu.
Já Inês Urmal foi a oradora que explorou as síndromes neurológicas na grávida, onde identificou os quadros neurológicos mais frequentes e realçou a importância de um enfoque prático no diagnóstico e tratamento.
Durante a palestra, a especialista apresentou os quadros clínicos mais comuns e sublinhou a relevância do diagnóstico diferencial naquelas situações. “É fundamental não esquecer o papel dos meios complementares de diagnóstico e da abordagem terapêutica que muitas vezes suscitam dúvidas quando se trata de uma mulher grávida”, acrescentou.
Inês Urmal destacou ainda a pertinência de levar aquele tema à iniciativa, lembrando que a patologia médica da gravidez e do puerpério se assume como uma área de grande complexidade e heterogeneidade. “Os quadros neurológicos podem apresentar-se de forma inespecífica, especialmente no serviço de urgência, pelo que é crucial alertar os colegas para a importância de excluir diagnósticos que podem condicionar um pior outcome para a mulher e para o bebé”, alertou.
Após aprofundar o tema complexo, a convidada destacou a importância do congresso enquanto um espaço de partilha de conhecimento entre profissionais, salientando a sua face motivadora e desafiante tanto para Internos como especialistas.
A mesa-redonda contou ainda com a participação de Inês Marques, que apresentou o tema “complicações próprias da gravidez”, focando-se nas condições clínicas específicas do período gestacional.
(24/05/2025)