A Conferência de Encerramento do 31.º Congresso Nacional de Medicina Interna (CNMI) centrou-se no tema do “Turismo de Saúde em Portugal”, promovendo a reflexão sobre a crescente importância desta área no panorama nacional. Sob a moderação de João Porto, presidente do congresso, a sessão proporcionou um espaço de reflexão sobre os desafios e oportunidades que este setor representa, quer para os profissionais de saúde, quer para o sistema de saúde português como um todo, tanto no setor público, como no privado.
O palestrante convidado foi Ricardo Mestre, antigo Secretário de Estado da Saúde do XXIII Governo Constitucional e também antigo Subdiretor-geral da Direção Geral da Saúde (DGS), sendo licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa, especialista em Administração Hospitalar pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Universidade Nova de Lisboa e Pós-Graduado em Administração de Serviços Saúde pela Universidade Moderna.
A sua vasta experiência no setor permitiu uma análise profunda e estratégica sobre o desenvolvimento do turismo de saúde em Portugal, abordando os conceitos, as características do contexto nacional, assim como os desafios e oportunidades.
No que diz respeito aos conceitos, começou por explicar que o turismo de saúde designa a opção de deslocar-se do seu país com a motivação de obter benefícios relacionados com a saúde, podendo dividir-se em duas áreas distintas: turismo de bem-estar e turismo médico. Ainda nesta fase inicial, recordou os vários motivos de mobilidade de utentes/doentes, objetivos do sistema de saúde e os diversos agentes, players e entidades envolvidos.
Passando ao caso nacional, refere que o contexto português é apresentado como favorável para o turismo direcionado para a saúde, dando destaque ao turismo de bem-estar, que inclui práticas como o termalismo, spa, atividade física, saúde mental, Medicina Personalizada e Medicina Tradicional.
“Nós temos condições, seja do ponto de vista do país, seja da oferta turística que nos habilitam neste setor. Na área da saúde, por mais que nos foquemos no que não está tão bem, na verdade temos um sistema de saúde que compete muito bem a nível internacional. Temos profissionais de excelência, o que é reconhecido um pouco por todo o mundo. Temos indicadores de saúde que nos colocam em muitas dimensões à frente de países com níveis de riqueza muito superior ao nosso e até com níveis de desenvolvimento muito superiores. Apesar de tudo, o nosso sistema de saúde tem uma boa relação de qualidade-preço”, explicou.
No final da sua reflexão, focou-se nos desafios e oportunidades para aumentar a oferta de turismo médico, colocando algumas questões em aberto e o papel do Serviço Nacional de Saúde (SNS) nessa área. “Vamos fazer disto um modelo de negócio sistemático e suportado para o futuro? Ou vamos abrir uma resposta transitória, para responder a uma necessidade que existe pontualmente em determinados locais, e depois descontinuarmos essa nossa resposta? Vamos criar uma boa estrutura, apostando em investimentos, alargando equipas, alargando instalações e adquirindo mais equipamento ou o turismo médico é uma oportunidade de rentabilizarmos a capacidade que já temos hoje instalada? Depois, vamos apostar em respostas de escala ou de nicho? Vamos ter processos de certificação internacional ou vamos apostar apenas no reconhecimento das qualificações, nos standards do nosso país”, indagou em tom de conclusão.
(25/05/2025)